Par ler e reler, imaginar e reimaginar as vezes que forem precisas, este poema de Daniel Faria... Homens que são como lugares mal situados Homens que são como casas saqueadas Como são como sítios fora dos mapas Como pedras fora do chão Como crianças órfãs Homens sem fuso horário Homens agitados sem bússola onde repousem Homens que são como fronteiras invadidas Que são como caminhos barricados Homens que querem passar pelos atalhos sufocados Homens sulfatados por todos os destinos Desempregados das suas vidas Homens que são como a negação das estratégias Que são como os esconderijos dos contrabandistas Homens encarcerados abrindo-se com facas Homens que são como danos irreparáveis Homens que são sobreviventes vivos Homens que são como sítios desviados Do lugar Homens que são como projectos de casas Em suas varandas inclinadas para o mundo Homens nas varandas voltados para a velhice Muito danificados pelas intempéries Homens cheios de vasilhas esperando a chuva Parados à espera De um companheiro possível para o diálogo interior Homens muito voltados para um modo de ver Um olhar fixo como quem vem caminhando ao encontro De si mesmo Homens tão impreparados tão desprevenidos Para se receber Homens à chuva com as mãos nos olhos Imaginando relâmpagos Homens abrindo lume Para enxaguar o rosto para fechar os olhos Tão impreparados tão desprevenidos Tão confusos à espera de um sistema solar Onde seja possível uma sombra maior |
Até breve
Há 11 anos
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