domingo, 19 de outubro de 2008

Poema feio








Dá-me o teu poema feio
escrito nas raízes
apodrecidas
da terra;
garras de fogo
que revolvem
as minhas entranhas
traçando a fealdade
escrita nas palavras.

Dá-me o teu poema feio
riscado no corpo
sufocado de poesia;
e asfixiado por
um desejo doloroso
que sublinha a beleza
da brutalidade.

Dá-me o teu poema feio
erguido na
saudade que morde
a aurora
de mais um dia.

Dá-me o teu poema feio
que grita uma
vontade de não existir.


Dá-me o teu poema feio porra!



in Palavras (O)usadas


1 comentário:

Natália Bonito disse...

Há pedidos que trespassam
A profundeza da fealdade,
Aterram na folha que muitos amassam
Choram os versos perdidos de irrealidade
E na senda poética avançam.

"Poema feio"? Será que existe feiura na escrita dos versos que discorrem na folha de um caderno adormecido? Não acredito... Poema belo este...

Cumprimentos poéticos,

Natália Bonito