sábado, 16 de agosto de 2008

vontade








Na ímpia certeza da loucura
escorrem por entre as bocas
as letras que nunca te escrevi.

Deslizam as gotas de suor nos corpos
amassados pelas bocas
da luxúria consentida.

Percorro as ladeiras do teu corpo
com a minha língua sôfrega que lambe
as feridas da batalha dos amantes.

Devoram os olhos as intenções amalgamadas
pelos desejos percorridos,
consentidos, viciados na sedução.

Vivo apenas o que não vivo,
assassinado nas entranhas do teu desejo
feito escravo em tuas mãos peregrinas.

Mãos que percorrem os sentidos orgásticos
desse amanhã que já hoje vivemos
nesse futuro morto pelo presente.

Tenho vontade de ti
do tactear da tua boca que me percorre
e me desfaz em mil átomos.

Tenho vontade de ti
dos desenhos que as tuas garras
riscam em mim.

Tenho vontade de ti
e desse mundo inventado só para nós
nos desfiladeiros da insensatez.

Tenho vontade de cada letra
que grita por entre silêncios
nas entrelinhas dos murmúrios.

4 comentários:

Coccinella disse...

A vontade é uma arma poderosa, António. Imagina só as coisas para onde a podes projectar.

Bom fim-de-semana!

Rafaela Bárbara disse...

Daniel encontrou "O cemitério dos livros esquecidos" que foi o ponto de partida para uma aventura entre o horror e a delícia, a natureza humana está sempre na corda banda entre a normalidade e a vertigem da loucura, por amor.

Giovanni Giorgetti disse...

É urgente o Homem sentir vontade de fazer algo...algo BOM!

Quando puder veja:

www.olhares.com/dodici


Boa semana!

AnaMar (pseudónimo) disse...

Já tinha saudades de te ler..assim, intenso, nessa vontade imperiosa de amar em desespero de loucura e paixão.

um beijo de saudade