sábado, 16 de agosto de 2008

serei eu?








ANJO CAÍDO


Eu sou palavra, poesia, sonho e ilusão,
sou palco, sou teatro,
sempre em mim uma canção.
Eu sou mistério, pássaro de fogo,
andorinha, primavera,
Outono, chuva e sol,
nuvem triste, céu azul.
Sou avião, descobridor,
sou amor, sou paixão,
irreverência, imperfeição,
sentir e tanta dor.
Eu sou segredo, inconfessado,
mar salgado, beijo eterno,
sou rosa púrpura,
sentimento, esperança e desalento.
Sou sorriso, gargalhada,
lágrima que cai,
cristal partido,
sou amigo, impulsivo,
luz de vela, sombra lunar.
Eu sou teimoso,
cavalo alado,
lutador e conquistador.
Sou estrela, cadente, criador,
criatura, caminhante da aventura.
Eu sou fraco, corajoso,
herói e vagabundo,
das estrelas e dos mares
que brilham em todo o mundo.
Sou fogueira, amor carnal,
absinto e Carnaval,
sou loucura, irresistível,
folha de papel, e de jornal.
Eu sou alegria, e vida,
sou amante,
simples, complexo,
paz, inquietude, flor de sal,
brisa fresca, arrepio, alfabeto.
Sou natureza, rio que passa,
sentimento de beleza,
don Quixote, don Juan,
Casanova, ex-galã.
Sou montanha, escarpa e tempestade,
vale, sossego,
pensamento de fazer medo.
Sou abraço, abraçado,
sensualidade, permissivo,
apenas homem.
Ou anjo caído.


2 comentários:

Natália Bonito disse...

Ser tudo num poema escrito,
Libertar o fundamento
Daquilo que pensado não foi dito
E por um breve momento
Sentir que no verso aflito
Apenas um fiel ensinamento
Renasce da partícula deste atrito
Como semântica de um pensamento
Tantas vezes feito grito...

Que nas entrelinhas destes versos nasça a resposta ao "serei eu?"

Natália Bonito

Rafaela Bárbara disse...

És palavra ou até mesmo poesia,
sonhas iludido,
num palco que julgas ser teu
chamado vida.
E em ti há uma vaga melodia...
Misterioso pássaro de fogo,
ou talvez andorinha.
Mas olha, longe já vai a Primavera,
e o Outono se avizinha.
Por entre chuva e sol
descobres o amor, a paixão,
numa irreverente imperfeição,
sabes sentir com tanta dor.
Não é segredo o mar salgado,
trás em si beijo eterno,
rosa púrpura, dum leve sentimento...
E em cada sorriso,
gargalhada ou lágrima que cai,
és vidro estilhaçado
impulsivo duma sombra lunar.
E depois do abraço
o cripitar das velas...
És louco como um cavalo alado,
lutador e enamorado,
criatura caminhante
na fraqueza vagabunda dos seus passos.
És do mundo carnavalesco
flor de sal,brisa fresca,arvoredo...
Mas és apenas um homem,
tentando ser homem. Ser amado.