terça-feira, 29 de julho de 2008

joana aguiar e a eternidade








Que momento bonito por que atravessa a Madeira e a literatura produzida na ilha. Que momentos de rara beleza nos são trazidos por verdadeiras ostras que, quando abertas, revelam pérolas de inestimavel valor.
Que pessoas bonitas, jovens, com a eternidade pela frente, nos aparecem em cada esquina das palavras e nos mostram o quão facil parece ser desenhar poesia perfumada e que inebria cada um dos nossos sentidos. Os existentes e os que acabamos de descobrir.
Desta vez a poetisa chama-se Joana Aguiar e conta dezoito anos de vida. E que, passo a citar, "descobri os outros nomes da Poesia: Loucura, Criação e Salvação".

O livro ostenta um título no mínimo prometedor..."O dia antes da Eternidade". E eu acabei de lê-lo. Com total desprendimento pelo resto do mundo em que pareço ter vivido, melhor... levitado, durante o tempo em que viajei na eternidade feita de prosa e verso da Joana.

Não sei que nome terias, se tivesses.
As vozes enformam-te sem a matéria
De que te extraíram o busto indizível,
Até emudecerem de tanto te perder.

Todos os nomes concorrem ao teu rosto,
Una carne da verdade extraviada.
Deram-te o que nunca tiveste
O véu por quem clama quem nunca te vê.

Não sei em que acróstico tresleram o meu nome.


Definitivamente não é para todos. Definitivamente faz-nos esquecer os tão enaltecidos poetas vivos da Madeira que há muito morreram para as palavras feitas de poesia (salvo raras, muito raras mesmo, excepções). Definitivamente este é o tipo de gente, jovem, saudavel, desempoeirada, descontraída, viva e pulsante que a literatura da Madeira precisa. Basta de cinzentismo, de gente pesada e triste, de gente que se afunda nas areias movediças do seu próprio umbigo e de lá não consegue sair.

Obrigado Joana por ter partilhado connosco esta pincelada de virtuosismo poético.
E, já agora, permitam-me partilhar convosco um dos seus espaços de criatividade:

1 comentário:

Coccinella disse...

Suspiro de alívio por encontrar, na minha terra, patronos da Beleza como o António. Essa Beleza, de que a poesia é o segundo nome.

Um beijo,

Joana Aguiar