
Na ímpia certeza da loucura escorrem por entre as bocas as letras que nunca te escrevi. Deslizam as gotas de suor nos corpos amassados pelas bocas da luxúria consentida. Percorro as ladeiras do teu corpo com a minha língua sôfrega que lambe as feridas da batalha dos amantes. Devoram os olhos as intenções amalgamadas pelos desejos percorridos, consentidos, viciados na sedução. Vivo apenas o que não vivo, assassinado nas entranhas do teu desejo feito escravo em tuas mãos peregrinas. Mãos que percorrem os sentidos orgásticos desse amanhã que já hoje vivemos nesse futuro morto pelo presente. Tenho vontade de ti do tactear da tua boca que me percorre e me desfaz em mil átomos. Tenho vontade de ti dos desenhos que as tuas garras riscam em mim. Tenho vontade de ti e desse mundo inventado só para nós nos desfiladeiros da insensatez. Tenho vontade de cada letra que grita por entre silêncios nas entrelinhas dos murmúrios. |